quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Twiggy: O graveto inquebrável


Sempre adorei tudo o que envolve o mundo da moda, as grandes criações dos estilistas, os editoriais criativos e a vida glamourosa (mas nada fácil) das modelos. Tenho fascínio por algumas top models, mas apenas uma me fez ver a moda com outros olhos: Twiggy.
Nascida como Leslie Hornby, a adolescente suburbana, que tinha como apelido “graveto” (twig em inglês), viu sua vida mudar graças a um corte de cabelo. Diferentemente de hoje, em que homens e mulheres transitam entre o masculino e o feminino, naquela época uma mulher cortar os cabelos tão curtos (estilo Joãozinho) era considerado revolucionário. E assim fez Twiggy, aos 15 anos, cabelos curtos, pernas finas e olhos tão grandes que chamavam a atenção por onde passassem.
Esse tipo de beleza, até hoje, inspira novas modelos, como Kate Moss e Agyness Deyn, que são exemplos vivos dessa ditadura da magreza que ganhou ainda mais força na década de 1990.
A nova cultura de massa que estava surgindo na Grã-Bretanha, o “Swinging London”, ajudou na ascensão do diferente em uma fase de libertação cultural e sexual, em que as mulheres lutavam por seus direitos. O feminismo acabou marcando a década de 1960, não apenas por essa procura feminina por igualdade, mas também por lutar pela independência sexual, na qual a minissaia e a pílula tiveram papel fundamental. 
A história da minissaia confunde-se com a de Twiggy, quando a britânica Mary Quant, famosa estilista da época, corta um dos vestidos da modelo, dois palmos acima do tradicional. Nenhuma das duas imaginava a repercussão que isso teria. As mulheres do mundo todo se viram obrigadas a emagrecer, cortar os cabelos e mostrar as pernas por aí. 
Ainda na década de 1960, as modelos eram consideradas “cabides”. Twiggy foi a primeira supermodelo mundial, subindo para o patamar de estrela. Sua influência era tão grande que uma cápsula do tempo foi enviada ao espaço com sua foto, para que outros planetas pudessem conhecê-la. 
Em 1970, depois de ter conquistado o mundo com seus “gravetos”, ela se aposenta das passarelas, mas não para. Iniciou a carreira de atriz e cantora, e, diferentemente de muitas modelos que fazem a transição passarela-palco, conseguiu sucesso. Ganhando dois Globos de Ouro, como atriz revelação e melhor atriz de musical. Depois disso, Twiggy conheceu seu primeiro marido, Michael Witney, com quem teve uma filha, e dedica-se ao principal trabalho da sua vida, segundo ela: começar uma família.
Com a morte de Michael, devido a um ataque cardíaco, Twiggy volta a atuar e acaba conhecendo o seu segundo marido, o ator Leigh Lawson, e decide-se mudar para Los Angeles. Aproveitando essa nova fase, começou, em 1991, a apresentar um talk-show de sucesso,  no qual entrevistava pessoas famosas.
Dez anos mais tarde, ela volta à cena mundial, lançando uma linha de roupas e outra de cosméticos. Em 2005, ela faz parte do programa America's Next Top Model, onde ajudava a também ex-modelo Tyra Banks a escolher uma new face.
Hoje em dia, Twiggy Lawson é uma bela senhora de 62 anos, que ainda não parou de trabalhar. Voltou a morar em Londres, e tornou a ser modelo para a cadeia de revistas Marks & Spencer, e, desde 2009, é a garota propaganda da marca de cosméticos Olay.
Apesar das inevitáveis rugas que apareceram, sua beleza continua intacta, o cabelo mais longo e os olhos igualmente hipnotizantes, conseguindo adaptar sua carreira aos dias atuais, com menos impacto, mas igualmente talentosa. 
Twiggy faz parte da década de 1960, tanto quanto The Beatles, Andy Warhol, Marilyn Monroe, a pílula e a minissaia fazem parte do nosso cotidiano. Ela é o rosto de uma geração, da sessentista, que não é qualquer uma: é a primeira que quebrou verdadeiros paradigmas, através da música, da arte e da moda. Uma geração que fez as mulheres do mundo todo se adaptarem à sua beleza, a beleza Twiggy.

(Acrópolis Magazine Edição 80)

Meus outros textos: 

Coco Chanel: Mulheres, agradeçam suas calças a ela.





Um comentário:

  1. Não tem como não lhe dar os Parabéns, por mais este excelente texto, e por mais uma biografia de uma pessoa que marcou e ainda marca época.

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