segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Lady Gaga: a voz de uma geração carente


      
     Lady Gaga tem papel importante em muitas vidas. Se uma forma de marketing ou não, suas músicas e atitudes abraçam todos aqueles que, de alguma forma, sofrem por serem diferentes da maioria. Vivendo numa sociedade carente de heróis que valorizem as diferenças, Stefani Joanne Angelina Germanotta – seu verdadeiro nome –, embora constantemente hostilizada por seus colegas de classe, por ser excêntrica e diferente, acabou tornando-se um ícone da diversidade humana. A vida de Stefani ou Lady Gaga, em resumo, daria um bom filme dramático, com uma grande reviravolta no final.
Deu o primeiro passo em sua carreira musical quando decidiu deixar de lado as regalias de sua família, mudando-se para um pequeno apartamento em East Village, dançando como stripper e cantando em boates gays de Nova Iorque.  Em 2003, ela se matricula na Tisch School of the Arts e, logo em seguida, assina com a Streamline Records, um selo da gravadora Interscope, como compositora. Depois disso, Gaga acabou chamando a atenção do cantor Akon, que a ajudou a lançar seu disco de estreia, “The Fame”, em 2008.
O primeiro CD fez sucesso mundialmente, atingindo o primeiro lugar de vendas em diversos países, com os hits “Just Dance”, “Poker Face”, “LoveGame” e “Paparazzi”. O disco recebeu sete indicações ao prêmio Grammy, ganhando dois deles. No início de 2009, ela embarcou na sua primeira turnê própria, e lançou o extended play “The Fame Monster”, com o sucesso global ainda maior, “Bad Romance”.
A primeira fase de Gaga é a sua apresentação ao mundo, com um disco divertido que fala de amor, balada, dinheiro e sexo, sem mensagens mais profundas. Com uma estética relativamente colorida, figurinos exagerados e muita provocação sexual. Foi por essa primeira fase que eu me apaixonei, tanto pela ousadia de seus figurinos quanto pelas mensagens de autoaceitação e amor que ela passava para os seus fãs.
Com a carreira estourada no mundo todo, Lady Gaga começa a se engajar em assuntos polêmicos, defendendo crianças e adolescentes que sofrem bullying nas escolas e a luta pelos direitos LGBT. Essa mensagem ficou ainda mais clara com o lançamento do seu segundo CD, “Born This Way”. Nesse álbum, vemos uma artista mais madura sonoramente e mais preocupada com questões sociais.
O primeiro single, “Born This Way”, gerou polêmica mundial ao defender a ideia de que somos perfeitos, sem importar a cor da pele, a aparência física e a orientação sexual, por Deus não cometer erros, indo contra muitos dogmas religiosos e, ao mesmo tempo, fazendo todo o sentido. 
O segundo single, “Judas”, causou ainda mais polêmica, pois faz alusão a uma paixão, dela, por dois homens totalmente diferentes. Judas, que é mentiroso e traidor, e Jesus, justo, seguro e amoroso. O vídeo faz alusão ao Evangelho de Jesus Cristo nos dias atuais, com apóstolos retratados como uma frota de motoqueiros.
Depois dos dois primeiros singles, com mensagens mais políticas, Gaga trabalha as músicas mais pessoais do CD, como:“The Edge of Glory”, composta para o seu avô, já falecido; “Hair”, em que ela faz uma homenagem aos jovens que sofreram bullying nas escolas como ela; e “Marry The Night”, que conta a história da sua carreira.
Rotular Lady Gaga como a próxima Rainha do Pop é ser um tanto pretensioso, e vai contra tudo aquilo em que ela acredita. Ela não quer ser apenas a “rainha” dos seus fãs: ela quer, antes de tudo, ser uma amiga. Eu realmente admiro seu trabalho, e sinto uma diferença significativa na música pop depois da sua chegada, porém só o tempo dirá se ela se tornará uma Cindy Lauper ou uma Madonna, sendo que a primeira foi esquecida pelo grande público, e a segunda continua com o seu legado.
Gaga trouxe certa “inteligência” ao mundo pop, coisa que poucas popstars conseguiram. Sendo um conjunto de canção, vídeo e atitude, ou apenas uma personagem, ela me faz ter esperança de que o mundo pode ser melhor, se motivado, fazendo com que todos se livrem dos estereótipos e se tornem seus “little monsters”. Paws up! 




O texto também pode ser lido na Acrópolis Magazine 82.

Um comentário:

  1. Li (again).

    Pela descrição que você faz da Lady Gaga me parece que ela veio em nome dos que, de alguma forma, saem do formato padrão. É bom ver artistas com atitude. Porém, ainda acredito que ninguém precisa de um defensor. Precisamos de respeito. E lidar melhor com as coisas.

    No mais, seu texto é excelente, escritor, redator e homem de opinião. Que venham outros mais escritos.

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