segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Primeiro Post

Um dia ouvi uma conversa entre meus pais e meus tios, impulsionados pelo sucesso do personagem Crô, um gay afetado, submisso, digno de pena, que é retratado na novela Fina Estampa da Rede Globo, “-Eles não gostam de ser chamado de viado, não!” exclama uma tia com tom irônico; “E é pra chamar de que?” indaga minha mãe, que em relação a assuntos como esse, prefere manter-se ignorante, não por falta de oportunidade. Apesar de não ser “verbalmente” assumido, sempre trago à tona assuntos relacionados à homossexualidade (dos outros), para dentro de casa.  Risadas, risadas, entro na sala. Silêncio.
Seria um silêncio de “respeito”?
O que mais me irritou na conversa, por incrível que pareça não foram as risadas, foi o uso do “eles”.
A forma como o “eles” foi usada, me transpareceu preconceituosa, com uma conotação de distância, de “não faço parte daquele grupo”. Mal eles sabem (ou preferem não saber), que possuem um “daqueles” dentro de casa. Eu, depois de inúmeros absurdos observados, prefiro sempre me distanciar quando o assunto “gays” vem à tona entre meus familiares. É como se eu preferisse me poupar, ou, sabendo da ignorância impulsionada pelo tradicionalismo cristão da minha família, preferisse não me magoar com opiniões geradas por simples e puro pré-conceito.
O “Cabeça de Gay” vai servir pra que possamos debater vários assuntos relacionados ao mundo gay, dos mais fúteis aos mais complexos e suas ramificações, família, amigos, sociedade, comportamento, sexo. Tudo isso feito por leitores que não são psicólogos ou psiquiatras, mas possuem conhecimento de causa. Para ajudar a nós gays, entendermos ainda mais nossa condição e fazer com que os héteros enxerguem além do que lhes é transmitido pela mídia e por uma sociedade cheia de preconceitos. Espero que gostem. Beijos.


Mande sua história ou algum assunto que você queira debater para cabecagay@gmail.com
Nos siga em @CabecaGay

5 comentários:

  1. Não consigo imaginar você de cabeça baixa diante o assunto, mesmo no meio familiar.

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  2. Já tem um fã numero 1? Quero ser! ;-)
    Gostei muito do que você falou... me sinto um pouco assim também.
    Tenho certeza que sou gay mas nunca tive coragem de "sair do armário"
    Sei que todo mundo sabe... Nunca cheguei com namoradinha porque nunca tive tesão em mulher, mas também sempre evitei um compormento digamos que "completamente gay", mas acho que tem um pouco da minha personalidade nisso tambem.
    Morei muito tempo longe de minha familia e finalmente descobri como eh bom viver!
    Hoje me pergunto: será que vale a pena ficar escondendo o que todo mundo ja sabe e sempre soube?

    Boa sorte!!!
    Quero ler mais...

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  3. Incrível como são as famílias, né? Na minha temos um gay (meu tio) que vive junto com seu namorado (marido praticamente), a gente trata com um casal mesmo, só chamamos um pra festa se o outro for junto, por mais que aos olhos dos outros não seja, ao nosso é um casal normal como outro qualquer. E eu os chamo de bicha as vezes, e ao invés de se importarem, riem junto comigo, chamo de tia ao invés de tio e só ganho mais carinho dele por isso. E quando eu digo:"Ei, esse short tá gay demais, visse?" Ai ele responde:"Tá? Que maravilha!" HAHAHAHAHHA

    Débora Dubeux

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  4. Parabéns! voce escreve muito bem, vá em frente com o blog. Duvido que ele nao faça sucesso e o melhor, ajude pessoas.

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